Bitcoin luta por suporte enquanto altcoins resistem

O Bitcoin iniciou esta quinta-feira (30) em queda acentuada, cotado a US$ 110 mil, após tocar brevemente os US$ 108 mil nas últimas horas. A retração ocorre mesmo depois do anúncio do Federal Reserve sobre o novo corte de juros, medida amplamente esperada pelos mercados. Apesar do alívio monetário, o ambiente de incerteza segue pressionando o sentimento dos investidores.

O movimento de queda também foi impulsionado pela realização de lucros entre grandes detentores e pela saída líquida de capitais de ETFs de criptoativos. Essa combinação reduziu a liquidez e intensificou a aversão ao risco, refletindo o comportamento defensivo dos traders institucionais.

Além disso, a hesitação do Fed em adotar um afrouxamento mais agressivo e o vencimento de opções de US$ 13 bilhões na Deribit aumentaram a volatilidade. Em poucas horas, o mercado de derivativos registrou liquidações que ultrapassaram US$ 820 milhões, ampliando o efeito dominó nas principais criptomoedas.

Resistências testadas e pessimismo no curto prazo

O Bitcoin havia ensaiado uma recuperação na segunda e terça-feira, quando chegou perto de romper a resistência de US$ 113 mil. Contudo, a rejeição técnica nesse patamar confirmou a perda de força compradora. O ativo caiu para a zona de suporte de US$ 108 mil, onde tenta estabilizar.

A incerteza sobre a política monetária dos Estados Unidos continua limitando o fôlego do ativo. Segundo a Glassnode, uma redução superior a 0,5% nas participações institucionais em 30 dias costuma antecipar períodos corretivos. Por isso, muitos fundos reduziram exposição, migrando para títulos do Tesouro americano.

Enquanto o mercado se divide entre otimismo técnico e cautela macroeconômica, o Bitcoin segue oscilando entre suas médias móveis de 100 e 200 dias — uma faixa decisiva para a próxima tendência.

Altcoins refletem o humor do mercado

Entre as altcoins, o cenário não foi diferente. Ethereum (ETH) perdeu 3%, cotado abaixo de US$ 3.900, enquanto Solana (SOL), Dogecoin (DOGE) e Cardano (ADA) também registraram quedas semelhantes. A pressão vendedora afetou o setor de layer 1 e tokens de inteligência artificial, ampliando o movimento corretivo no mercado.

Por outro lado, alguns ativos contrariaram a maré e exibiram ganhos expressivos. O ZCash (ZEC) disparou 9%, impulsionado por fluxos de arbitragem e demanda institucional. Já o token TRUMP e o Memecore (M) subiram 7% e 6%, respectivamente, demonstrando resiliência diante da retração geral.

Mesmo assim, a capitalização total do mercado de criptomoedas caiu cerca de US$ 80 bilhões em 24 horas, alcançando US$ 3,81 trilhões, segundo dados da CG. A dominância do BTC permanece próxima de 58%, sinalizando que, apesar da fraqueza momentânea, o ativo segue ditando o ritmo do setor.

Expectativas e fatores macroeconômicos

O corte de 25 pontos-base nas taxas de juros pelo Federal Reserve trouxe apenas um alívio moderado. Jerome Powell indicou que novas reduções podem depender da retomada dos dados econômicos, interrompidos pela paralisação do governo. Essa indefinição elevou o sentimento de cautela, já que a política monetária segue sem direção clara.

Ainda assim, o fim do aperto quantitativo, previsto para dezembro, poderá aumentar a liquidez e favorecer os ativos de risco — incluindo o Bitcoin e o Ethereum. No entanto, o curto prazo continua marcado pela hesitação dos investidores, que preferem esperar a ata do FOMC de 1º de novembro antes de assumir novas posições.